O canto IV continua com a narrativa da história de Portugal, Vasco da
Gama contando a história ao rei de Melinde. São narrados os seguintes
acontecimentos: Havia um rei chamado D. Fernando, que após morrer, deixa sua
esposa D. Leonor viúva, ela decide então, a qualquer custo colocar sua filha
Beatriz no trono, mas por ser uma mulher adúltera, desconfiam de Beatriz ser
mesmo filha do rei falecido. Com raiva a rainha então declara guerra entre
castelhanos e portugueses. Então D. João filho legítimo de D. Fernando, decide
juntar forças para defender Portugal e acaba lutando contra seu povo. Até
então, ninguém acreditava na vitória portuguesa, porém Nuno Álvares se junta a
D. João e incentiva a população a tê-lo como rei. Aos poucos os lusitanos são
convencidos e acreditam que serão libertados por D. João. A guerra começa e
todo sofrimento é descrito. Mesmo sendo em número menor, os portugueses vencem
a chamada “batalha de Aljubarrota”, uma guerra em que houve familiares
batalhando uns contra os outros. “A sublime bandeira castelhana foi derrubada
aos pés da lusitana.” - como cita o livro. Depois de vencer, D. João I inicia planos
de fazer viagens marítimas rumo à Índia, mas morre sem concretizar e executar
estes planos. D. João II sucedeu estes trabalhos de viagens marítimas, e como
não havia sucessor, ele nomeou seu primo e cunhado, D. Manuel para conseguirem
o que D. João I desejava e não conseguiu realizar. Um dia, em sonho, D. Manoel
teve aprovação divina para prosseguir os planos de navegação:
"Das águas se lhe antolha que saíam,
Par' ele os largos passos inclinando,
Dous homens, que mui velhos pareciam,
De aspeito, inda que agreste, venerando.
Das pontas dos cabelos lhe saíam
Gotas, que o corpo todo vão banhando;
A cor da pele, baça e denegrida;
A barba hirsuta, intonsa, mas comprida. [...]
Este, que era o mais grave na pessoa,
Destarte pera o Rei de longe brada:
– Ó tu, a cujos reinos e coroa
Grande parte do mundo está guardada,
Nós outros, cuja fama tanto voa,
Cuja cerviz bem nunca foi domada,
Te avisamos que é tempo que já mandes
A receber de nós tributos grandes.
Eu sou o ilustre Ganges, que na terra
Celeste tenho o berço verdadeiro;
Estoutro (este outro) é o Indo, Rei que, nesta serra
Que vês, seu nascimento tem primeiro.
Custar-t' -emos contudo dura guerra;
Mas, insistindo tu, por derradeiro,
Com não vistas vitórias, sem receio
A quantas gentes vês porás o freio."
Depois de chegarem a uma conclusão sobre tal sonho, ele então, convoca
Vasco da Gama para realizar a missão marítima, e então, as famílias dos
marinheiros convocados, com grande tristeza, começam a lamentar os perigos que
eles sofrerão em tais viagens. No dia da partida, durante as despedidas
chorosas na praia de Belém, acontece o episódio chamado de “O velho do
Restelo”. Antes de prosseguirem de fato as navegações, todos foram
surpreendidos por um velho que começa a falar em alta voz no meio do povo, ele
diz que tudo aquilo era perda de tempo, desperdício de dinheiro, desperdício de
homens valorosos para guerra, que punham suas vidas em perigo nessas
navegações, quando podiam estar se preparando para uma eventual invasão futura.
Este é um personagem, que representa a oposição das pessoas da época, que não
eram a favor das aventuras de descobrimentos. O velho do restelo simbolizou o
que chamamos de Conservadorismo.